11/03/2010
No Distrito Federal mulheres ganham 30% a menos do que os homens. Para mudar essa realidade, chegou à Capital um programa dedicado a ampliar o acesso feminino ao mercado de trabalho.
Mara Monteiro
Mais de 140 mulheres de Samambaia, Riacho Fundo I e II, Recanto das Emas, Gama e Santa Maria compareceram no dia 13 de maio, ao Centro de Criatividade Infanto Juvenil, em Samambaia Norte, para participar do segundo seminário do “Programa DF: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher”. A tarde motivacional serviu para que conhecessem as propostas do programa, recém-chegado ao Distrito Federal.
O objetivo do programa é contribuir para redução da desigualdade de gênero, ampliando o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e promovendo sua autonomia financeira por meio do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo, crédito, microcrédito e à comercialização. A experiência teve início no Rio de Janeiro e, devido aos bons resultados, foi ampliada para outras regiões brasileiras. “Estamos somando forças para levar empreendedorismo e informação para que as mulheres sejam as agentes de transformação da realidade do nosso país”, afirmou a gerente da Unidade de Capacitação Empresarial do Sebrae no DF, Adriana Susarte.
A iniciativa é da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), da Presidência da República. A sua coordenação está a cargo do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) e sua execução na Capital é de responsabilidade do Sebrae no Distrito Federal e da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais (Business Professional Women - BPW), com apoio do governo local por meio das Secretarias de Estado de Trabalho e de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda.
Durante a abertura do seminário, o secretário adjunto da Secretaria de Trabalho do DF, Israel Batista, contou ao grupo que o estudo de pesquisa de emprego realizado pelo do Dieese, em março de 2009, constatou que no Distrito Federal as mulheres ganham 30% a menos que os homens. A realidade para as mulheres negras é ainda mais desvantajosa. Elas chegam a ganhar 50% a menos que os homens brancos. “Este é o exemplo claro da exclusão social do país: o gênero e a cor da pele. Temos que trabalhar para anular essa situação absurda e promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres”, afirmou Batista.
Elaine Alves tem o perfil desprivilegiado identificado pela pesquisa do Dieese: é mulher e negra. A moradora do Recanto das Emas trabalha com serviços gerais em um hospital e conta que os homens são maioria no ambiente de trabalho pela força física, o que é uma desvantagem para as mulheres na hora de concorrer pelas vagas oferecidas. Ela também conta que a cor da pele ainda é motivo de discriminação. “Quando existe um evento no hospital eles selecionam as mulheres brancas para estarem à frente do público”, esclarece. Elaine é chefe de família e cuida sozinha de três filhos. Para complementar a renda familiar ela faz bijuterias. Seu sonho é ter o seu próprio negócio. Agora ela e as mulheres da sua comunidade estão unindo forças para montar uma cooperativa que pode tornar o seu sonho realidade. O nome é sugestivo: Construindo um Sonho.
Já a empresária Kelly Cristina dos Santos possui pastelarias em duas feiras da cidade do Gama e emprega oito mulheres. O que ela busca é conhecimento para fazer o seu negócio crescer. “Quero me qualificar para ter uma melhora profissional e pessoal”, conta. Tanto Elaine quanto Kelly foram ouvir de que forma o programa pode ajudá-las a conquistar o que buscam para ter uma vida melhor.
Os perfis, foco do programa, são justamente mulheres como Elaine e Kelly: mulheres empreendedoras que possam tanto criar negócios como desenvolver os existentes - que futuramente serão atendidas pelo Sebrae no DF - e as que estão em situação de pobreza e risco social, que serão acompanhadas pela BPW Brasília. Para as mulheres que estejam dentro dos perfis priorizados, as atividades continuam até 2011, com cursos na área de empreendedorismo, oficinas de direcionamento estratégico para o negócio, cursos sobre perspectiva de gênero e autonomia das mulheres, alfabetização digital e oficinas de microcrédito produtivo.
O “Programa DF: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher” foi apresentado em Samambaia pela coordenadora geral do programa e representante do Ibam, Ângela Pontes. Após a apresentação, as mulheres assistiram a palestra motivacional “A mulher do século XXI”, ministrada pela consultora do Sebrae, Ricarda Cintra, e participaram de oficinas de criação. A secretária de Desenvolvimento Social do DF, Eliana Pedrosa, e o secretário de governo do DF, José Humberto Pires, foram prestigiá-las durante os trabalhos. “A oportunidade eleva a autoestima, melhora a condição pessoal e a econômica. Todos ganham: as mulheres, suas famílias e as comunidades aonde vivem”, ressaltou o secretário.
No Distrito Federal, o seminário já foi realizado em Taguatinga e em Samambaia e o próximo será realizado no dia 18 de junho, na cidade do Paranoá. As moradoras do Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Varjão, que têm os perfis priorizados, já podem fazer a inscrição para participar do seminário na Central de Relacionamentos do Sebrae: 0800 570 0800.
Serviço:
Central de Relacionamento Sebrae: 0800 570 0800
www.df.sebrae.com.br
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