Mulher imigrante ganha menos e envia mais remessa para país de origem

30/10/2009


14.10.09


Imigrantes do sexo feminino têm salários mais baixos que homens, mas tendem a mandar parte maior da renda para países de origem


Mesmo recebendo salários mais baixos, as mulheres imigrantes enviam proporcionalmente mais dinheiro que os homens para seu país de origem, diz estudo. O RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) afirma que a maioria das mulheres imigrantes trabalha em serviços domésticos ou informais, mas mesmo assim algumas delas chegam a mandar mais de 70% de sua remuneração em remessas.

Esse é o caso das mulheres de Bangladesh que vivem no Oriente Médio, as quais enviam para a terra natal 72% de sua renda, diz o documento intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos. As colombianas que moram na Espanha abrem mão de cerca de 68% do que ganham, enquanto a média para os homens colombianos é de 54%.

"As evidências sugerem que as mulheres tendem a enviar porções maiores dos seus rendimentos para casa, fazendo-o também de forma mais regular, apesar de os seus salários mais baixos significarem freqüentemente que as quantias absolutas sejam mais baixas", aponta o RDH.

Além disso, as mulheres imigrantes costumam ter mais qualificação que os homens, mas isso não garante a elas bons postos de trabalho. As peruanas têm a maior escolaridade entre os imigrantes de fluxos recentes na América do Sul, mas 68% das mulheres do Peru que moram na Argentina trabalham como empregadas domésticas. Apenas 15% das nativas da Argentina possuem esse tipo de função.

Segundo o documento, trabalhadoras com ensino superior nascidas em países em desenvolvimento têm 40% mais chance de imigrarem do que homens com o mesmo grau de instrução. Isso porque em seus países elas costumam enfrentar ainda mais dificuldade de conquistarem bons empregos. "Embora essa situação possa refletir vários fatores, as barreiras estruturais e culturais à realização profissional nas terras de origem parecem ser a explicação mais provável", afirma o relatório.

Impacto Social
Apesar da baixa remuneração, a imigração já traz o ganho de aumentar a participação feminina no mercado de trabalho, destaca o PNUD. Além disso, podem haver mudanças na situação das mulheres nos países de origem da migração e melhorias no combate a desigualdade de gênero. O estudo diz que a imigração estimula nos países mais pobres e desiguais uma tendência para a queda da fertilidade, para aumento da idade de casamento, da escolaridade e da participação das mulheres no mercado de trabalho.

Até mesmo a migração dos homens pode estimular mudanças de gênero. "Todos os estudos realizados no Equador, em Gana, na Índia, em Madagáscar e na Moldávia revelaram que, com a migração masculina, as mulheres das áreas urbanas aumentaram a sua participação nas tomadas de decisão da comunidade", aponta.


Fonte UNIFEM

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